Após ler Nadja , Breton, 1928
Há que se entregar sempre, meu tesão
Já que não há outro compromisso
a não ser o de morte
e que nossa pele não queime pela explosão da usina
então, meu tesão,
há que se fazer queimar pelo seu nome,
há que se dançar bons sambas
completar a esperança de se desvendar o enigma
há, por exemplo, o enigma Nadja
que, conforme Breton, é o início da palavra esperança em russo
(bolchevique ou czarista?)
queria zelar o sono primaveril de Maiakovski
enquanto estivéssemos transando
e você,
escrevendo um manifesto ao cossacos,
zombando de Lênin Trotsky Stálin
& eu poderia sugerir frases como:
A RUSSIA PADECE...
O GAVIÕES-CODORNAS assaltaram Stalingrado
Ou, por motivo de droga,
OS PIANOS ABANDONARAM JUIZ DE FORA
O que obviamente a faria parar o manifesto e me chicotear as bolas
nós, portanto, seriamos felizes, fumaríamos compulsivamente só para no fim da vida termos úlcera.
provavelmente seríamos nós professores bem sucedidos, felizes:
eu, um famoso pistoleiro que ganhou a vida
escrevendo notas sobre O ânus solar,
você, conhecida como a nova Levi-Strauss,
escreveria livros sobre a sociedade dos papagus
tribo brasileira conhecida por se alimentar basicamente com o esperma celestial dos deuses anfíbios conhecidos como bandeirantes e que morreram de inanição com a chegada dos canalhocratas das universidades com sua libido quase zero.
Nós faríamos palestras, meu tesão,
(Eu você Paris NY Sodoma)
Com títulos como: Bataille o caralhudo Jesuvio de olho entupido
Papagus paparam a porra do bandeirante
&
Iríamos à Rússia
pela simples vontade de desvendar o nome de Nadja
à França para cavar o túmulo de André Breton
com nossos dentes de hóstia carcomida pelo profano
e o vermelho da sua vulva seria então vulgar
e quando um de nós morresse
o outro faria um texto de despedida com citações em francês inglês norueguês holandês
e poucos entenderiam
mas todos fariam cara de “coisa-linda o amor”,
e eu mesmo morto
gargalharia durante toda a eternidade esperançada pelas nossas heresias.
uau.
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