segunda-feira, 29 de agosto de 2011

aos visionários


“eu fiz um pacto com a prostituição,
Afim de semear a desordem entre as famílias”

Lautréamont
Quando todos se cansarem
da cólera
         dos cães
                da chuva
Maldoror estará com seu cajado
                 enterrado na vagina do mundo
sobre o montes celestiais
                        observando a miséria da humanidade
cantando canções de caos
                 comendo maçãs com vermes
 & o pacto da prostituição dos homens
       roerá o que sobrou de nós,
os filhos da babilônia,
nós,
os miseráveis sanguinários,
                que escrevemos seus cantos
em paredes de quartos alheios
     com o sangue menstrual das virgens
de Sodoma,
nós,
os anjos bestiais,
         filhos de Maldoror,
cantamos o ovo do cosmos
                   para explicar a doença
dos olhos de barro de Mondigliani,
              para uivar sobre os esqueletos de Bruegel,
para ninar nossas ninfas
& abençoar a louca paixão de Lorca
por Dali.   

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

eu canto

“após reler poema XXXII da Invenção de Orfeu
& Lorca”
para ler
ao compasso de Libertango, Piazzolla
Os sete olhos de Jorge de Lima atestam:
a fome dos navios
              ancorados nas costas de Murilo Mendes.
guindastes agonizando o falos da morte
não deixavam a velha fumante dormir
& nem o seu cachimbo
& nem o seu aborto
& ele ainda inventava o Orfeu
            ele ainda sonhava com notas celestiais
vindas de pianos bacantes
ancorava seu navio no espaço
com um acerto crasso
a um passo da morte
            as erupções corporíferas
 e as células de poesia e delírio
do garoto bêbado caído nos sonhos
de vazio
das tardes torpes e insolentes
& ele me disse que era o pão e o vinho
 disse que cultuava Breton, Artaud,
 Rimbaud  
    com palhaços da infância jogados no vazio

ele uivava pelas ruas surrealistas
alertando os ouvidos das pétalas
enquanto eu lia Lorca
                      & o dois era a guitarra onde o amor se desespera
                     enquanto eu tinha fome
& mães ciumentas que me acariciavam
eu – o feto embriagado –
porque sou todavia violento
porque sacudo o corpo em direção ao sol
porque uso ácidos
porque sou rebelde
anarquista
& o palhaço.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

esposa morta.

Todas as múmias pegaram os buquês de lesma & imortalizaram os olhos de celofane por todo o condado. Allen Ginsberg gritando aos ouvidos de todos que havia experimentado todas as drogas inventadas por Burroughs e W. B., citado anteriormente, atirando em cheio na massa cefálica de sua amada. amor de junkie é tiro direto na testa. A mulher morta em New México é o fardo do eterno hipster, um estalo um estouro no meio da cabeça da esposa junkie. Reclamando seu garoto chupador, reclamando do excesso como fonte de irradiações noturnas. Todas as múmias adoram o William Burroughs e comem seus buquês de lesma no café da manhã. A mulher morta provavelmente estava encostada em uma árvore tipicamente americana com um vestido branco sujo de retina. a mulher morreu com um tiro a testa dado por seu marido como uma boa esposa burguesa.