segunda-feira, 17 de outubro de 2011

o menino experimental benze o relâmpago

à Murilo Mendes que inicia o caos



abençoo tua carne de sal e sonho.
-----------------------------------
abençoo tua vulva de gelatina e glúten e pólen.
----------------------------------------------
abençoo tuas olheiras nascidas das noites insones onde concebemos sacanagens em silêncio. onde masturbamos  o caos e abençoamos os olhos vermelhos dos inimigos cansados de serem pendurados em estrelas. onde rezamos para os fantasmas e proclamamos o fel na enorme língua que lambe o mundo inteiro e o infinito. onde chutamos os concretos das almas alheias. onde prendemos pipas de celofane nos caralhos dos deuses. onde pedimos para os vermes comerem logo nossos mortos e para as virgens comerem os herméticos. onde assustamos borboletas com o cajado. onde os filhos não são ingratos. onde o infinito cabe nas asas das borboletas assustadas e as olheiras são límpidas como os relâmpagos.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
abençoo teu caos
 teus cavalos escondidos nos sapatos
tua mão de gaita polonesa revestida com pele de tatu
tua vulva lancinante vacinada de espermas
tua tumba taoísta que trama ao telefone
                                                   abençoe, portanto,
minha língua há de vir.

Um comentário: